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29.2.16

Soukihei MD Geist

Soukihei MD Geist
Ohata Koichi - Zero-G Room
Anime OVA - 1 Episódio
1986
6 em 10

Há quanto tempo não via um filmezinho de anime? Este OVA de 40 minutos já estava na minha lista há algum tempo, mas só agora (ontem ) tive vagar para me por a ver.

Geist é um MDS: Most Dangerous Soldier. Pelos seus crimes no passado foi criogenizado. Agora acordou, no meio de outra guerra. E tem de proteger a humanidade, ou algo que o valha. Este é um filme que toma muitas influências do género pós-apocalíptico, nomeadamente Hokuto no Ken ou o próprio Mad Max original. No meio de um deserto cheio de máquinas, há repetidas lutas. O final inconclusivo parece surpreendente (onde está o resto?) e, assim, o filme fica aquém das expectativas.

Os personagens não têm qualquer tipo de caracterização que os distinga uns dos outros. Parecem todos movidos por objectivos simples, sem outro tipo de sentimento para além de os atingir. Não tomam relações emocionais uns com os outros e encontram-se praticamente objectificados perante o contexto do filme.

A animação é bastante boa para a época, sendo-nos permitido assistir a uma série de lutas entre maquinaria diversa. Esta tem designs realistas e práticos. Apesar de tudo, pode haver um certo exagero nas armas utilizadas e na coreografia de cada situação. A paleta de cores é bastante completa, tendo em conta que estamos nos anos 80, e os cenários remetem-nos para um mundo destruído e vazio.

Musicalmente, temos temas muito típicos mas que, apesar de tudo, pecam pela falta de originalidade. Aquele power-metal dos 80s funciona sempre, mas desta vez as músicas acabaram por me parecer bastante vulgares.

Enfim, citando um amigo... "Papa-se"

Quarto

Quarto
Lenny Abrahamson
2015
Filme
8 em 10

Este era o filme que era suposto termos ido ver ao cinema e para o qual não havia lugares. Então, acabei por vê-lo em casa, com o Qui. Só depois descobri que estava nomeado para vários óscares, sendo que entretanto ganhou um, para Melhor Actriz.

Jack e a sua Ma vivem num quarto. Fora do quarto está o Espaço. E depois do Espaço está o Céu. Cada objecto do quarto tem o seu nome e as pessoas que existem estão na TV. Este é todo o mundo que Jack conhece. Mas porquê? Isto demora a ser explicado, mas está na sinopse portanto posso falá-lo aqui. É este um dos pontos essenciais de todo o Quarto: a Ma foi raptada há sete anos e é ali mantida pelo seu captor. Teve ali um filho, que nunca viu nada para além daquelas quatro paredes. E para ele, é um mundo enorme.

A enormidade do quarto quando filmada pelo realizador é emocional e contundente. A identidade do lugar, que se torna mais que uma casa: um universo em si. Quando Jack finalmente aprende o que é o Mundo, o exterior, o que há para além das paredes, é uma descoberta chocante e causadora de medo e mal-estar. O filme trabalha também o processo de adaptação desta criança a um mundo completamente diferente do que conhecia até lá. Porque ele nunca soube, para sua própria protecção, de que havia mais.

O filme é perturbador, por vezes assustador, dando sempre a sensação de que tudo vai terminar da pior maneira. Isto é complementado pelo excelente trabalho de actor, quer da actriz quer da criança (que faz um trabalho extraordinário apesar da sua juventude: tinha apenas 8 anos quando filme foi rodado)

As imagens são solitárias e belas, mesmo depois de adquirida a famosa liberdade. Todo o ambiente é frio, imaterial, mas ainda assim carregado de uma profundidade humana que puxa pelas mais primitivas emoções do espectador.

Vi este filme há uns dias, mas já estou cheia de vontade de o ver outra vez. Não posso deixar de o recomendar.

O Poema Morre

O Poema Morre
David Soares & Sónia Oliveira
2015
Banda Desenhada

Como venho acompanhando o trabalho de David Soares enquanto autor, de que gosto muito, não perdi a oportunidade de adquiri a sua nova edição quando surgiu a oportunidade, no AmadoraBD. Este volume surge quase como uma surpresa, mas sem nunca perder a identidade a que o autor já nos habituou.

Tudo começa com um cavalo puxando uma carroça para o topo de uma pilha de corpos incinerados. O que se passa aqui? É uma guerra. Mas que guerra é esta? Com isto em mente, começamos a vislumbrar um pouco da vida de um homem inominado, poeta renegado, que está envolvido com a irmã e que tem um passado cheio de trevas.

É no presente e no passado deste personagem que encontramos algumas pistas para o que realmente se passa. A morte do poema não é a morte do autor em si, mas a morte de tudo aquilo que poderia ser belo. a irmã, a amiga, o cão, todas as coisas que ligavam o personagem à terra e que são destruídos por uma guerra sem identidade.

É essa guerra a parte que mais me intrigou neste livro. É uma guerra real? Foi? Ainda existe? Ou é apenas um combate entre o personagem e os seus demónios, entre o personagem e a rejeição que vem sofrendo desde a infância?

Os desenhos ajudam a manter todo este ambiente de terror e dúvida. Sem cores, apenas sombras, desenhos etéreos mas altamente detalhados que nos remetem para um universo de sonho, em que o relato do que acontece, aconteceu ou é apenas imaginação é tão subtil que acaba por se misturar.

Mais uma vez, uma excelente BD. Como sempre, ansiosa pela próxima!

28.2.16

Fúria

Fúria
Salman Rushdie
2001
Romance

Gosto imenso de Salman Rushdie. Já li uma série de livros dele, nunca tendo ficado desapontada. Assim, quando apareceu este ring no BookCrossing, fui logo a primeira a inscrever-me! Acabei por ser também a única, mas isso já é outra história.

Infelizmente, este livro não correspondeu de todo às minhas expectatvias. NEsta história seguimos a vida de um artista indiano, que faz bonecas e tem uma muito famosa, que decide fugir do seu sucesso e da sua família e refugiar-se em Nova York. Aí, vê-se envolto numa espiral depressiva em que ele começa a duvidar da sua própria sanidade mental, entregando-se à "fúria" e acabando por se colocar em situações desagradáveis.

O livro acaba, então, por ser uma espécie de enumeração constante de figuras populares da agitação da cidade, em que se torna muito difícil de distinguir quais são os elementos reais dos que foram inventados pelo autor. O livro move-se a toda a velocidade, espetando farpas em todas as coisas que o americano regular poderia amar, sem mesmo passar pela perspectiva do personagem. Parece um manifesto da fúria do autor, ao invés de ser a da personagem, o que seria menos estranho.

Este acaba por se ver no meio de uma estranha guerra civil, que acaba por ser a parte mais curiosa pois demonstra todo o ilógico que existe por trás de uma guerra, revelando sem parar factos e argumentos sem nexo.

O personagem evolui de certa forma, num final que se poderá tornar inesquecível, mas a sua caracterização está tão diluída que toda a zanga em relação à família, à cidade, às pessoas, ao mundo, torna-se inconsequente e bastante cansativo.

É com muita pena que não irei recomendar este livro, de um autor que gosto tanto...

Ore, Twintails ni Narimasu.

Ore, Twintails ni Narimasu.
Kanbe Hiroyuki - Production IMS
Anime - 12 Episódios
2014
5 em 10

E agora é momento para ver um anime de comédia. Mas, como sempre, não me ri nem um bocadinho.... Será problema do anime? Será problema meu? O mistério mantém-se...

Um rapaz taradão por twintails (doravante conhecidos como "tótós") vê-se na situação de ter de combater contra uns monstros maléficos que ainda são mais taradões que ele. Para isso, transforma-se numa guerreira de tótós que lança raios laser da sua poderosa armadura. Para o ajudar tem uma moça azul e uma moça amarela. E é apenas isto.

A história, supostamente, é uma paródia. Mas uma paródia exactamente a quê? Dizem-me que é a gozar com toda a cultura ota-cu, mas essa dimensão está para além da minha compreensão porque não vi qualquer tipo de referência útil ou menos básica que pudesse demonstrar que isto é algo a gozar com alguma coisa. Parece ser um anime que repetidamente goza apenas consigo próprio o que, de certa forma, acaba por ser válido.

Os personagens são inanos e não têm qualquer tipo de conteúdo. Limitam-se ao seu fascínio por tótós, ao seu desespero pelo tamanho dos apêndices mamários. Os personagens mais interessantes acabam por ser os monstros, já que cada um tem uma taradice diferente a que se dedica. Talvez sejam os maus a parte em que estão a gozar com a cultura ota-cu? Fiquei sem perceber.

A animação não está nada má, mas acaba por estar muito limitada a um conjunto de gags que derivam em explosões variadas. As cores são simples, os fundos pouco detalhados. Os designs das armaduras não fazem muito sentido e parecem existir para mostrar corpos. Felizmente, o conteúdo ecchi não é tão acentuado como eu estava à espera no início.

Musicalmente, é um anime fraco, com peças desinspiradas e OP e ED perfeitamente esquecíveis.

Assim, será certamente um daqueles animes a que vou dizer non.

Mujin Wakusei Survive

Mujin Wakusei Survive
Yano Yuuchirou - Madhouse Studios
Anime - 52 Episódios
2003
6 em 10

Estive dividida em relação à nota a dar a este anime, mas acabei por me decidir pelo lado superior porque gostei realmente de o ver. Não sei, foi um anime que me entreteve para catano!

Um grupo de sete jovens que vivem numa estação espacial (algures no espaço) vai numa visita de estudo para visitar um planeta. Infelizmente, a nave que os transporta é absorvida por ondas gravitacionais (finalmente provadas como existentes) e acaba por se despenhar numa ilha isolada num planeta desconhecido e, aparentemente, desabitado.

Assim, numa espécie de argumento do Senhor das Moscas um pouco mais infantilizado, eles têm de fazer todos os possíveis para sobreviver. E assim prossegue o anime como uma espécie de fatia-de-vida de um grupo de adolescentes numa ilha sem qualquer tipo de recurso, o que acaba por ser bastante cativante. Infelizmente, ficam algumas coisas por explicar. Por exemplo, que nave era aquela que os transportava que tinha todo o tipo de materiais possíveis para a construção de armas e ferramentas? Como é que estes adolescentes que nunca viram uma planta ao natural são capazes de construir tais armas e de identificar quais são as coisas próprias para comer ou não? Se não há medicamentos, como é que eles souberam que as plantas eram medicinais para baixar a febre? E assim por diante. Depois a história acaba por ganhar um rumo, a partir do momento em que eles encontram Adam, e as conclusões que são retiradas acabam por ter algum valor filosófico e moralizante, sobretudo tendo em conta que este anime é dirigido a crianças um pouco mais pequenas.

Os personagens não possuem muita caracterização, o que me trouxe um pouco de tristeza. No entanto, a sua simplicidade funciona dentro do contexto. No entanto, também não evoluem. As suas reacções emocionais parecem desfasadas da realidade em que se encontram, o que torna todos os momentos que deveriam ser emocionantes (por exemplo, a morte de alguém) é algo que acaba por ser um pouco indiferente.

A animação está bastante aceitável, sendo que os fundos que caracterizam a ilha, assim como os designs de plantas e animais, dão uma sensação de habitat plena, um sentimento de que nos encontramos nós próprios naquela ilha. Mas há também muitas cenas recicladas e repetidas, assim como constantes flashbacks que aparentam servir apenas para ocupar o tempo e completar as 4-cours para a qual o estúdio recebeu contrato.

A OP e a ED são infantis e um pouco ridículas, assim como as animações correspondentes. Isto acaba por estabelecer todo um ritmo para a série que poderia passar ao lado se as músicas fossem demasiado sérias.

Assim, não recomendaria este anime à primeira vista, mas para uma pessoa um pouco mais experiente em busca de diversão, é uma boa série para passar o tempo.

Trumbo

Trumbo
Jay Roach
2015
Filme
6 em 10

Estou com istuo tudo muito atrasado. Fui ver este filme a semana passada com a minha mãe, mais o Stepfather, mais a minha irmã ao cinema dos Amoreiras. Inicialmente éramos para ter ido ver outro filme, o "Quarto", mas o senhor da bilheteira disse que estava esgotado. De seguida processou-se um evento estranho em que o senhor se recusava a vender-nos bilhetes em lugares separados e, progressivamente, fomos vendo os lugares todos da sala a serem ocupados. Mas lá conseguimos entrar no filme, apesar de, portanto, estarmos todos separados.

Este filme trata um tema curioso que até hoje aparenta ser um pouco tabu no cinema americano: a época da chamada "caça às bruxas", em que o colectivo americano se via preso numa obsessão em eliminar todas as pessoas eventualmente associadas a essa coisa maléfica que é o comunismo. Foi o que aconteceu a Trumbo, um argumentista de cinema famoso e sempre bem pago. Ao ver-se perante um tribunal inconstitucional em que o obrigariam a denunciar os seus amigos, acaba por ir preso. Depois disso, tem de refazer a sua vida, fazendo o que melhor sabe: escrever filmes. Mas tem de ser tudo em segredo!

Pareceu-me que o filme, com sua realização e argumento, fizeram um bom trabalho em mostrar-nos um pouco da vida deste homem e como as suas actividades acabaram por influenciar o cinema em vários aspectos. é também uma breve lição sobre a história do cinema, em que ficamos a conhecer um pouco dos filmes mais famosos nessa época, assim como todo o ambiente circundante de Hollywood, com seus ícones e seus críticos. Este retrato será certamente ajudado pelo guarda roupa completo e exacto em relação à época.

O elemento principal do filme é o seu personagem principal, que tem uma interpretação fantástica pela parte do actor. Este demonstra Trumbo como uma pessoa cheia de humor e vitalidade, mas também mostra a mudança que se opera depois da sua visita à prisão e a forma como luta contra o desespero de não poder assinar os seus argumentos (por enquanto).

Talvez o filme peque por se perder um pouco em detalhes que acabam por não caracterizar qualquer elemento da história, como por exemplo o fio paralelo relativo ao vizinho mau.

Mas foi um bom filme para ir ver ao cinema e valeu a pena a luta com o senhor para conseguir os lugares. Só achei estranho que toda a gente tivesse batido palmas no fim, porque não me pareceu assim tãããão bom.

19.2.16

O Dia dos Prodígios

O Dia dos Prodígios
Lídia Jorge
1979
Romance
Já há algum tempo que queria ler algo desta autora. Na verdade, cheguei a comprar um livro a propósito de uma troca de outro repetido. Mas depois apareceu este pelo BookCrossing, um RABCK, e pensei em lê-lo primeiro, já que é a primeira obra da autora.
Confesso que fiquei dividida. Por um lado percebo que seja uma obra importante dentro do seu contexto socio-político, mas não fui capaz de me embrenhar totalmente. Este livro passa-se numa pequena aldeia algarvia, o que desde já é curioso. Quando falamos de aldeias portuguesas, são sempre as aldeias do norte ou do Alentejo. Nunca no Algarve. Nesse aspecto, temos logo um ponto para a originalidade. No entanto, precisamente por causa deste mote geográfico, o livro está escrito num palavreado muito típico, em que todos os personagens (incluindo o próprio narrador) relatam os acontecimentos com um sotaque pouco discernível e quase estranho, pela falta de actualidade e pelo exagero da terminologia.
Talvez sejam erros de uma edição antiga, talvez sejam erros de um autor pouco experiente, mas a verdade é que me causou uma certa irritação a repetição constante de algumas palavras e expressões, como "cu", "urina" e "mão em pala". Para mais, existem coisas como enumerações incompletas ("ele sabe três coisas" e depois só diz uma) que me levam aos arames. Toda a narrativa remete para um esgar de nojo, em que todos os acontecimentos não possuem qualquer beleza gráfica, mas antes um habituar aos elementos da natureza em que estes deixam de ser interessantes para serem simplesmente grotescos, apesar da sua normalidade.
Quanto ao dia dos prodígios propriamente dito, este poderá ter interpretações diversas. Será a cobra? Será o soldado? Será a revolução? Será a previsão do futuro? Esse foi o elemento mais interessante do livro, ver como todos estes elementos influenciam os personagens que, sem dúvida - apesar das descrições vagas - estão muito bem caracterizados.
No entanto, parece-me que o livro depende demasiado da forma como está escrito para que a história seja convenientemente aprofundada. Parece um rol de palavras enumeradas, apenas um jeito de falar. De certa forma caracteriza uma terra e uma "cultura", mas será que isso é o suficiente?

Nota: mas gostei imenso do nome dado aos pirilampos... "Luz-em-cus" :p

16.2.16

Le Chevalier d'Eon

Le Chevalier d'Eon
Furuhashi Kazuhiro - Production I.G.
Anime - 24 Episódios
2006
7 em 10

Já alguma vez disse aqui o quanto eu gosto de animes históricos? Provavelmente... Le Chevalier d'Eon é um anime sobre a corte francesa, mas com um pequeno twist sobrenatural.

d'Eon é um jovem aristocrata da corte de Versalhes, cuja irmã é misteriosamente assassinada. Em busca do assassino da rapariga, d'Eon torna-se espião para os reis e é enviado em diversas viagens. Nestas, acaba por descobrir que há algo mais para além de um assassinato no meio de tudo isto... Para mais, a alma da irmã possui-o nos momentos mais inusitados, levando a que seja um pouco difícil distinguir quem é quem...

Este anime tem uma narrativa misteriosa e muito interessante, que nos deixa sedentos de curiosidade em saber o que realmente se passa. Há uma aura gótica que envolve tudo isto, com estranhas ligações mágicas e religiosas que nos trazem dúvidas ao mesmo tempo que revelam a história. Esta pode ser um pouco complexa, mas no final todas as pontas acabam por se unir e o resultado é muito satisfatório. Parece tratar-se de uma reinvenção da história da Revolução Francesa, mas ainda antes da época correcta.

Os personagens são realistas, mesmo dentro do contexto fantástico, havendo soberbo desenvolvimento das suas características, sobretudo naqueles considerados "os principais". As suas dúvidas têm sempre consequências, mais ou menos graves, e o misto de sentimentos que têm uns pelos outros acaba por contribuir muito para o desenvolvimento narrativo. d'Eon em especial, tem uma questiúncula curiosa, que é o facto de estar possuído pela "alma" da irmã o que leva a que ele próprio comece a ser incapaz de distinguir a sua própria identidade.

Nesse aspecto, poderíamos ter tido um melhor uso dos designs, já que muitas vezes é difícil distinguir um do outro, mesmo pela voz. Quanto ao resto, estão historicamente alinhados, o que é sempre um prazer de ver, quer em termos de design quer em termos de cenários. As cenas de acção estão bem coreografadas e levam os personagens a situações de extremos, perfeitamente caracterizadas pelas suas expressões.

As vozes ajudam também a isto, sendo que na maior parte das vezes temos boas interpretações. Musicalmente, posso considerar um anime um pouco fraco, já que as peças são pouco inspiradas e pouco associáveis à época em que nos encontramos no contexto, sobretudo a OP e ED que têm tons demasiado pop.

No entanto, é um anime altamente recomendável, quer para fãs de animes históricos, quer para fãs de mistério ou de acção. É muito polivalente e uma excelente história de mistério fantástico.

15.2.16

Non Non Biyori Repeat

Kawatsura Shinya - TV Tokyo
Anime - 12 Episódios
2015
6 em 10

Depois da Primeira Season talvez não fosse inesperado que esta segunda instância aparecesse para ver no meu clubezinho elitista. No entanto, fiquei extremamente desapontada com o que fizeram: porque esta segunda season não é uma sequela, mas antes um reinventar da primeira, com novas situações e alguns personagens diferentes.

No entanto, em imitação das típicas séries americanas dos anos 90 (10 seasons e nada acontece), não há qualquer tipo de desenvolvimento narrativo ou das personagens que faça esta série valer a pena. São todos exactamente iguais ao que conhecíamos e não existe nenhuma nova situação inusitada neste anime da vida diária que demonstre que os personagens crescem de alguma forma durante as suas actividades. Não há nenhuma nova descoberta ou aprendizagem que seja extremamente diferente da primeira instância e, assim, o anime vive exclusivamente das belas imagens reveladas pela arte.

Esta, continua exemplar, mas não há nenhuma diferença nas paisagens que demonstre que houve uma evolução, física ou outra, o que acaba por tornar a beleza e o brilho obsoletos.

Musicalmente, temos temas semelhantes que são evocativos de uma vida em paz no campo.

Assim, posso garantir que esta segunda season é bastante inferior à primeira, na medida em que é exactamente igual. Por isso, aquando a nossa votação, será um rotundo não.

Morangos Silvestres

Morangos Silvestres
Ingmar Bergman
1957
Filme
7 em 10

Mais à noite vimos este filme, a minha estreia com o famoso autor. Um poema a preto e branco, uma exploração da memória.

Um homem velho vive apenas com a sua governanta. Vai ser premiado por ter feito 50 anos ao serviço da medicina, mas decide ir sozinho de carro. Acompanha-o a sua nora. Mas, o que se passa com este homem, que se vê atormentado por pesadelos?

O autor coloca em cheque as diferenças inter-geracionais de forma pungente e bela, contrastando a inocência descerebrada da juventude com o terror da velhice, o terror da incapacidade. E, ao mesmo tempo, desenvolve-se a história do seu filho que, afinal, sofre como um idoso prematuro e não encontra nada de bom na vida. Assim, o personagem encontra uma espécie de felicidade final, uma aceitação da vida perante a juventude perdida, apenas encontrada pelo confronto entre este e os os jovens que encontra pelo caminho.

As imagens podem ser a preto e branco, mas há um uso fascinante da luz e sombra, sendo que - não vendo cores - podemos imaginar todo um ambiente gráfico de beleza extraordinária. Este grafismo é sempre mais evidente nas sequências dos sonhos, que podem mesmo ser aterrorizantes.

Ao mesmo tempo, existem alguns momentos de humor, sobretudo sobre ideias religiosas ultrapassadas. Infelizmente, muitos deles são também sobre a figura feminina, retratada como passiva e estupidificante, o que não é muito interessante para o momento actual em que vivemos.

Ainda assim, gostei muito do filme e fiquei muito curiosa para ver outros do autor, sobretudo aquele em que a Morte joga xadrez com um homem.

O Dia Seguinte
 
 
Mas a viagem ainda não terminou! No dia seguinte, apesar de perdermos o pequeno almoço, fomos almoçar a um desses restaurantes à beira da estrada onde se come sempre lindamente. Comi choco frito. Depois, seguimos até Palmela para vermos as suas atracções, nomeadamente o castelo. No entanto, lá chegados, começou a chover torrencialmente, uma chuva muito fria, pelo que nos recolhemos dentro do carro. Fomos também ver o miradouro, que era mesmo ao pé. Palmela parecia estar desabitada, mas parecia também uma vila muito simpática!

Deixo-vos umas fotofotos, para ficarem com vontade de visitar :)







A Culpa é das Estrelas

A Culpa é das Estrelas
Josh Boone
2014
Filme
5 em 10

Este fim de semana foi dia dos namuraduhs e, por isso, aproveitei um voucher da Odisseias para ir passear com o Qui. Fomos a Palmela, onde ficámos instalados num complexo turístico, num quarto com uma cama, uma mesa e um microondas. Também tinha uma varanda!

Vista da Varanda
 
Pois então fomos ao bar do complexo beber um café e umas jolans e, depois de uma luta dos empregados contra a box da televisão, apanhámos este filme a um terço da sua duração. Por isso, acho justo comentá-lo, sobretudo porque já tinha lido o livro.

Comparativamente, a história é mantida na sua totalidade, com excepção daqueles momentos em que os personagens fazem gráficos um para o outro. No entanto, a performance de todos os participantes torna este filme menos que mediano. Para começar, os personagens deveriam estar doentes, muito doentes. No entanto, os actores actuam como se fossem adolescentes normais e cheios de energia, com excepção de um ou dois momentos. Também há vários erros de edição e montagem, sobretudo aqueles relacionados com o transporte da garrafa de oxigénio.

O tema é forte, mas um dos momentos fulcrais (o encontro final com o autor mau) é resumido por forma a tornar-se mais um elemento da história de amor. Esta, é triste mas acaba por não impressionar pois não conseguimos acreditar que estas pessoas estão realmente perto da morte.

Achei curiosa a forma como eles mostram as mensagens que foram escritas, mas isto também infantiliza um filme que, sendo sobre adolescentes, tem um tema demasiado forte para ser levado de forma tão leve.

E depois acabou o filme e começaram as notícias que relatavam uma tempestade imensa e cheias por todo o país. As outras pessoas que estavam lá ligaram o rádio, que eu depois mudei para a Antena 2, que estava a dar ópera.

As Cidades Invisíveis

As Cidades Invisíveis
Italo Calvino
1972
Romance (?)

Tinha muita curiosidade em ler este livro e, por um golpe de sorte, apareceu disponível para um RABCK no BookCrossing. Ainda demorei um pouco a chegar até ele (maldita lista de leitura!) mas agora já o li. Foi um instante, bastaram duas viagens de autocarro!

Marco Polo e Kublai Khan estão nos jardins suspensos deste e falam sobre a vida. Ao início não se percebem muito bem, mas depois começam a saber a língua um do outro. E de que falam? Das cidades do reino que Marco Polo visitou nas suas viagens. E são muitas cidades, todas diferentes, com curtas descrições.

São simplesmente fascinantes. Cada cidade contém em si uma crítica para a sociedade actual, cada cidade é única e cada cidade são todas as cidades que existem no nosso mundo. Nelas, as pessoas vivem com mais ou menos felicidade, mas revela-se que é tudo um mito e que muitas delas têm gémeas, espelhos, onde as pessoas têm outra visão da vida, oposta, irreal. Nesse aspecto, talvez o autor se tenha prolongado um pouco demais nesta divisão indivisível, nas cidades do fim.

Algumas são muito belas, outras são muito feias. Mas nenhuma parece um sítio muito bom para se viver. A minha preferida foi a cidade onde só há canalizações e banheiras, sem edifícios, onde mulheres tomam banho a toda a hora.

Pelo meio das descrições destas cidades que também são nossas, existem momentos filosóficos nas conversas de Marco Polo com o seu patrão. Estes momentos são densos, mas ajudam muito a explicar a visão do autor sobre a vida e sobre a polis em si.

Por outro lado, o Qui reparou que todos os nomes das cidades são de mulheres e que, por isso, talvez estas cidades sejam uma visão do autor sobre as mulheres que ele algum dia conheceu. Se assim for, torna o livro muito mais romântico do que se poderia esperar.

Foi uma leitura muito interessante e fiquei fascinada. Só não roubo o livro para mim porque o meu pai já o tem, portanto é como se o tivesse também. :p

Poesia Ortónima

Poesia Ortónima
Fernando Pessoa
Anos 20 
Poesia

Esta colecção de livros saiu com o Jornal Expresso, mas só fiquei com alguns (o meu StepFather só compra o jornal de vez em quando). Trata-se de uma colecção com a obra essencial do nosso muito querido Fernando Pessoa.

Com este volume, vemos alguma da sua poesia, aquela que foi escrita por ele e não por nenhum dos outros malucos. De qualquer forma, ficamos a saber um pouco mais sobre o autor através dos seus poemas e a conclusão a que chego é que ele estava completamente doido ou, pelo menos, extremamente deprimido.

Pois todos os poemas falam de uma vida sofrida e de um desejo de morte. Diz ele que "O Poeta é um fingidor", mas não me parece que ele esteja a fingir quando fala do horror emocional que sente. Os poemas são muitas vezes belos, outras vezes indiferentes. Um ou outro chega a ser cómico. Mas todos eles falam da infelicidade do autor, o que me deixa um pouco triste porque ele haveria de ter sido boa pessoa e ninguém merece estar envolvido neste spleen
 
Deixo aqui o poema que mais gostei, que é parte de um poema um pouco maior.

Chuva Oblíqua - II
 
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
 
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro...
 
 O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no facto de haver coro....
 
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
 
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruíd da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
 
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...

O Exótico Hotel Marigold

O Exótico Hotel Marigold
Deborah Moggach
2004
Romance

Livro que recebi num BookRing, pelo BookCrossing.

Famoso por se ter rapidamente tornado num filme, é um romance que se processa precisamente dessa forma: como num filme. E isso, penso eu, não é de todo agradável.

Um médico indiano em Inglaterra está farto da vida e decide, com um primo, abrir um lar de idosos na sua terra natal. Para lá vão diversos idosos ingleses, cada um pelas suas razões. Supostamente o livro falaria de como a terceira idade é uma nova vida, mas isso não é enfrentado pelos personagens, que continuam a agir exactamente da forma como o fariam no seu lugar de origem. Existem muitas pessoas neste livro, que está constantemente a mudar de perspectiva, sendo que todas as descobertas e acasos parecem extremamente improváveis: há um limite real para as coincidências.

Num livro passado na Índia, gostaríamos de ter algumas descrições efusivas da vida nesse país longínquo, mas tudo se limita a uma perspectiva de pobreza extrema e descrições de mendigos e como a juventude desse país está fascinada com Inglaterra, origem dos outros personagens. No entanto, o livro acaba por mostrar a cultura indiana numa perspectiva pouco racista, o que é um erro em que é fácil cair, o que se traz um certo alívio ao leitor. Ainda assim, as pessoas e as suas atitudes são extremamente cinematográficas, o que também é frustrante. Para termos noção, o ponto alto do livro é o final em que todos cantam uma musiquinha, o que no filme deve funcionar muito bem mas que aqui é um pouco pindérico.

Ainda assim foi uma leitura muito simples e muito rápida.

10.2.16

Grenadier

Grenadier
Koujina Hiroshi - Group TAC
Anime - 12 Episódios + 7 Specials
2004
6 em 10

Esta história é passada no Japão feudal. Mas um Japão feudal onde a arma de eleição é a pistola e a espingarda e todas as coisas que tenham balas!

Tendo isto em conta, seguimos as aventuras de uma belíssima atiradora, com grandes (grandes) atributos. No entanto, o que ela mais deseja é que vivam todos sossegados e em paz. Ainda assim, vê-se sempre na situação de ter de dar um tiro ou outro a uns meliantes e a todas as pessoas que, por alguma razão, desejam vencê-la. Entretanto faz amigos e vão todos juntos por aí.

O conceito é divertido e carinhoso, mas em termos de execução falha por ser demasiado repetitivo. Para mais, os personagens são muito fracos, sendo que a sua caracterização está limitada a uma característica e não há qualquer tipo de história pregressa ou futura para ajudar a explicar a sua personalidade. Eles estão ali e são assim, basta isso.

Mas, graças a este conceito de armas num mundo de espadas, Grenadier dá-nos a oportunidade de ver algumas cenas de animação bastante bem coreografadas, o que sempre serve como entretenimento descerebrado. A arte está suficientemente capaz para a época, fazendo muito bom uso das cores vivas e brilhos. O design dos personagens é também original, sendo que não há um abuso extremo dos atributos fantásticos da nossa moça principal. Isto é, é um anime que poderia cair no reino ecchi com muita facilidade, mas consegue manter-se puramente familiar.

Musicalmente, OPs e EDs pouco inspiradas e o resto da banda sonora muito pouco clara.

Um anime mediano que poderá divertir algumas pessoas.

Os Oito Odiados

Os Oito Odiados
Quentin Tarantino
2015
Filme
6 em 10

Na véspera de Terça-Feira Gorda (segunda-feira, portanto) fomos ver este filme ao cinema. E eu sei que vai magoar algumas pessoas, nomeadamente o Qui, eu dar-lhe uma nota tão mediana, mas tenho de confessar que não foi o meu filme Tarantinesco preferido.

"Os Oito Odiados" (The Hateful Eight) fala sobre o encotnro de vários personagens detestáveis numa casa, onde estão fechados devido a uma tempestade de neve. Um deles leva consigo uma mulher para ser enforcada, por razões que não são completamente desvendadas. No entanto, algo nesta casa está diferente... E à medida que se vão revelando mais elementos, a violência começa a deflagrar, terminando tudo, como habitualmente, num portentoso banho de sangue.

Este filme recorda outros filmes do autor, nomeadamente o Reservoir Dogs: um grupo de pessoas está fechado num espaço e há alguém que não tem boas intenções. No entanto, ao contrário deste, o filme está completamente limitado aos personagens, que pouco revelam sobre si próprios para além do facto de serem seres humanos desprezíveis. Qualquer revelação feita serve apenas para insistir na ideia de que eles são realmente "hateful", odiosos, execráveis, pavorosos. E isso acaba por se tornar um pouco aborrecido, sendo que grande parte do filme se situa apenas na insistência deste ponto, um repetir do conceito que acaba por aborrecer.

Não aborrecem os diálogos e o último terço do filme. Os primeiros porque, temos de admitir, estão muito bem executados e, sobretudo, bem interpretados. O segundo por motivos sanguinários. Falando nas interpretações, deixo a nota para a única mulher odiosa, que faz um papel soberbo, retratando em si uma violência inerente que mantém sempre um mistério imenso, já que o seu passado nunca é totalmente revelado.

Outro aspecto importante a referir é o grafismo e fotografia. Este filme foi gravado no fantástico *Ultra Panavision 70mm*, isto é, uma fita analógica comprida e grande. Talvez tenha sido questiúncula relacionada com o cinema em si, mas as cores não me impressionaram, apesar das paisagens nevadas serem muito belas. Acredito que o filme poderia ter tido outro efeito se estas tivessem sido mais exploradas, sendo que o tamanho da fita me parece desaproveitado no único cenário interior. Talvez este dê uma sensação teatral ao filme, mas todos os outros elementos retiram essa característica.

Finalmente, ao contrário dos outros filmes de Tarantino, este não possui uma banda sonora baseada em canções populares obscuras, mas sim instrumentais poderosos e um tema folk. Há um marcado uso do silêncio, apenas interrompido pela sempre presente tempestade.

É um filme intenso e cujas três horas passam num instante, mas a verdade é que o achei muito inferior a outros da filmografia.

8.2.16

Tsubasa Chronicle

Tsubasa Chronicle
Mashimo Koichi - Bee Train
Anime - 26 + 26 Episódios + 3 + 2 OVA + 1 Filme
2005
5 em 10

Pelo que conheço do mundo cosplaico, esta é uma série famosíssima, da qual toda a gente deseja fazer fatos sem fim. Mas pelos vistos o que é fixe e mágico é o manga, porque o anime ficou muito aquém das expectativas.

Desta feita, o grupo CLAMP decide teorizar de que existem mundos paralelos e que as suas personagens vivem em todos eles. Sakura e Syaoran são amigos no mundo Clow, onde ela é princesa. No entanto, por razões pouco claras, as memórias de Sakura são transformadas em penas triangulares e espalhadas por todo o tipo de universo paralelo. Assim, pedem à Dimensio Witch (xxxHolic) que os deixe viajar entre os mundos para recuperarem as penas.

Este anime pareceu-me, logo desde o início, muito mal estruturado em termos de narrativa. Em minha opinião, deveria ter sido um anime episódico, em vez de cada mundo estar dividido em arcos por vários episódios. Desta forma, teríamos visto mais variedade de situações e o material teria ficado melhor distribuído. De qualquer maneira, os arcos de história não têm muita qualidade: as pequenas aventuras vividas são muito inconsequentes e os personagens não dão vivacidade às situações.

Estes, são incompletos e indefinidos. Não existe sequer uma caracterização básica como ponte sólida para as suas reacções e, no fundo, apenas Syaoran faz alguma coisa em cada um dos arcos. Sakura é uma infeliz que não consegue fazer nada (também, não tem memórias), Fai é todo risinhos e Kurogane a força bruta. Estes, juntamente com Mokona, servem de alívio cómico numa série que por si só é muito leve. Só nos OVAs finais algum desenvolvimento é dado aos personagens e, consequentemente, a narrativa fica muito mais interessante. No entanto, tinham-lhes dito logo ao início "a consequência de viajares pelos mundos é que a vossa relação vai mudar".... E isso não acontece? Parecem sempre cada vez mais apaixonados, mesmo com a revelação final (que não muda nada).

A arte não é incapaz para a época, sendo que conseguimos notar uma evolução constante entre as seasons e entre os OVAs. Os designs são estranhos, como as CLAMP costumam fazer, e poderiam ter insistido mais na sua delicadeza para que os personagens fossem transmitidos idealmente. Não existem grandes cenas de animação, excepto mesmo no final em que a luta está muito bem feita. De resto, as outras lutas não estão bem coreografadas na medida em que os personagens saltam e correm em movimentos perfeitamente inúteis para o contexto em que estão.

Finalmente, a música. Para muitos, o ponto forte deste anime. Temos de admitir, realmente, que as peças corais são muito interessantes e emocionantes. No entanto, há uma repetição constante de dois ou três temas vocais e de algumas outras peças, que acabam por aborrecer: "outra vez esta música?"

Talvez o manga seja muito melhor, mas não ganhei curiosidade para o ler. Fica definido, que não será nesta vida o meu cosplay de Sakura Hime.

7.2.16

Afro Samurai

Afro Samurai
Okazaki Takashi - Gonzo
Anime - Filme
2007
5 em 10

Tinha este filme na Plan to Watch e como sabia com Samuel L. Jackson faz uma das vozes, queria imenso vê-lo com o Qui. Foi um desapontamento total.

Este é um filme que serve quase como homenagem a um género americano, onde se incluem temas como Shaft, que fala sobre a cultura negra underground e perigosa. Só que em anime. Com samurais. Afro Samurai é o número 2 no que respeita a ser forte e a lutar muito. Isto tudo por vingança a seu pai. Então, acontecem muitas coisas e muitas lutas e ele começa a perseguir a ideia de ser o número 1.

É um filme que vive exclusivamente do estilo e das cenas de acção. A história é básica, sendo que a narrativa muitas vezes não está bem estruturada: envolvem-nos em demasiados flashbacks, muito longos, que tiram o foco principal e quase nos fazem esquecer do que estávamos a ver. Também os personagens são vazios e unidimensionais, coisa que apenas é salva pela qualidade da dobragem (apesar de Samuel L. Jackson não ter captado bem a ideia de que é suposto falar quando a boca dos personagens se mexe)

O foco principal é, então, a arte e a animação. O estilo é forte, em tons escuros, quase um preto e branco. E as cenas de acção estão excelentemente animadas, sendo um prazer vê-las. No entanto, são tantas e a violência é de tal forma gratuita, que acabam por se tornar indiferentes à medida que vamos vendo o filme.

A banda sonora é muito boa, com vários temas de hip-hop muito interessantes, mas está mal usada: muitas vezes a música acaba por ser anti-climática e chega a ser um pouco ridícula (como na cena erótica)

Um filme que tinha tudo para ser excelente, mas que não se liberta da mediocridade.

Cosplay Photoshoot #13

Cosplay Photoshoot #13
Evento
Mais um ano, mais uma Photoshoot! Desta vez, não fiquei doente e, portanto, consegui aparecer para as actividades normais deste evento. Como sabem, trata-se do "meet" mais antigo do país e conta sempre com uma gigante foto de grupo, o ponto focal inicial. Falemos, então, deste dia!

O Qui tinha feito aniversário no dia anterior (digam parabéns para o Qui) e portanto estava instalada na Margem Sul. Fantasticamente, conseguimos acordar bem cedinho, pelo que foi só questão de vestir o meu fato e pegar no carro para ir para o Parque das Nações. Lá chegados, após café, aguardei que a casa de banho terminasse a sua manutenção para poder colocar a minha peruca e o meu encantador chapéu quentinho. Este tempo de espera foi pontuado por diversas senhoras muito revoltadas, pois - pelos vistos - todas as casas de banho do Vasco da Gama estavam em manutenção ao mesmo tempo. Mas lá nos deixaram entrar e acabei por encontrar algumas pessoas logo nessa situação tão inusitada.

Na rua, já grande multidão se ajuntava. E eu olhava para toda a gente e cada vez mais me sentia feliz dentro do meu fatóide: foi o fato mais quente que alguma vez concebi! A personagem era a Maetel, de Galaxy Express 999, apenas mais uma viajante do comboio do espaço. Poderão conhecer mais sobre este fato no meu post do blog sobre cosplay, mas também na minha novíssima página do Facebook, que está urgentemente necessitada de mais laikes para eu me sentir famosíssima. =D 

Fui tirando umas fotos por aqui e por ali. Não muitas. Não sei o que se passa com a minha pessoa ultimamente nos eventos, sinto-me tímida perante tanta gente que eu desconheço e acabo por ter vergonha de pedir fotos. O que nem sequer faz sentido, porque o pessoal vai lá precisamente para estes pedidos! De resto, eu devia estar com um trombil de meio metro porque devo ter assustado as pessoas e quase ninguém me pediu fotos a mim. Ou se calhar estava simplesmente horrorosa, o que também é uma possibilidade válida. Tenho pena, porque este fato só pode mesmo ser usado no pico do frio inverno, sob o risco de morrer assada se o usar sob outras condições climatéricas menos adversas.

Encontrei muitas pessoas conhecidas e amigas que, entre críticas tecidas à parte peluda da Maetel (não é o que pensaram, não), deram para um excelente cunbíbio e partilha de informações valiosas. Entre estas encontra-se um spoiler sobre o ECG, sobre o qual esperarei anúncio oficial antes de espalhar as brasas pelo planeta.

A fotografia de grupo foi conseguida imediatamente, por milagre de deus ou algo do género, pois estava toda a gente reunida e não houve grandes atrasos. Desta vez consegui uma posição privilegiada no topo, porque graças à minha mala consegui abrir espaço e ficar com um vazio à minha volta. Ou então cheiro mal, o que não é mentira. No entanto, deu-me a sensação de que este ano estava muito menos gente. Já houve anos em que se ocupou a escadaria toda...

Mas nem tudo são rosas nesta vida e, assim, terei de usar este espaço para relatar algumas críticas altamente destrutivas, horrendas, mal-dizentes e com cheiro a chulé. Primeiramente, este ano houve uma sensação generalizada (mais pessoas mo disseram) de que o Photoshoot foi organizado em cima da hora. O que deu este sentimento foi facto de o evento só ter sido anunciado com poucas semanas de antecedência em relação à data, o que gerou algum pânico perante a perspectiva de "se calhar este ano não vai haver". Mas tudo se conseguiu arranjar. Segundamente, não fiquei nada satisfeita com a ideia de cortarem com o concurso de fotografia este ano e, em vez disso, o substituírem por um vídeo. Também este sentimento me pareceu mais ou menos generalizado. Isto porque, segundo fui captando das conversas que tive, o conceito de "photoshoot" é precisamente a fotografia, sendo que com o vídeo se perde um pouco a ideia conceptual. No meu caso, até deu jeito porque o Zé Gato, o génio da fotografia, estava indisponível para ir à Photoshoot. Mesmo assim, a ideia do vídeo poderia ter sido um pouco mais bem estruturada. Foi divertido, mas tirou o foco da fotografia de grupo, pois estava muita gente à espera de ser chamada para que aparecessem. Para mais, desejavam que todos soubéssemos a coreografia, pelo que houve repetidos ensaios e grande perda de tempo. Pensava eu que num vídeo LipDub uma pessoa poderia fazer o que entendesse...? Mas eu também não sei, porque vi muito poucos.

Mas bem, foi o que eu fiz! Apesar de não apreciar a escolha da música (sou de opinião de que deveríamos ter escolhido uma música portuguesa), o Zé Gato mostrou-me o clip e convenceu-me a participar. Fiquei rendida à parte final, em que as pessoas dançam como eu sei dançar: que é a abanar os bracinhos para cima e para baixo e simulando ataques do plexo nervoso braquial. =D Idealmente, eu teria aprendido a coreografia, mas isso para mim não é de todo possível, porque eu não tenho sincronia móvel. No entanto, o LiveeviL teve a delicadeza, candura e disponibilidade mental para me deixar fazer a minha pequena dança em separado das outras pessoas. :) Obrigada amigo! Desculpa ter feito uma dança anormalética! É o que eu sei fazer.... D:

De resto, quanto ao vídeo, eu tinha um certo receio de que fosse um evento pouco inclusivo de todos os cosplayers (pois, ao contrário das fotografias que cada um tira, era necessário estar em sítios específicos a certas horas e falar com as pessoas certas), mas revelou-se precisamente o contrário. Os elementos que organizaram o vídeo estiveram sempre disponíveis para todos nós e acredito que tenham feito o máximo dentro das suas possibilidades para gravar material com toda a gente presente. Nesse aspecto, tenho evidentemente de parabenizar a organização, pois conseguiram renovar o evento de certa maneira. Ainda assim, espero que para o ano considerem o regresso do concurso de fotografia.

Depois desse curtíssimo momento de gravação, partimos de volta à Margem Sul. Ainda falei com muita gente que me perguntava pelo vodka (tinha ficado em casa) e para onde ia eu de viagem.... Afinal, tinha um malão enorme, emprestado pelo meu pai, que é o que este costuma levar para o Brasil. :p

Mas foi um momento muito agradável e uma óptima estreia no calendário de eventos! Estar presente neste evento, ou "meet", ou como queiram chamar, deixou-me muito motivada para o que vem aí este ano, com vontade de melhorar e com vontade de manter estes contactos.

Portanto, obrigada por tudo e espero que se tenham divertido!

Deixo-vos, então, a parte mais importante, que são....

 As Fotos












O Qui também gravou um pequeno vídeo, que eu vou por na minha página. É de pessoal a mexer-se (lá em cima poderá ver um preview da minha pequena dança)

E assim foi o dia! Muito bem passado, sem altos nem baixos e, no final, uma festa pequenina! :) Vemo-nos no próximo evento, ok? :) 

Anomalisa

Anomalisa
Charlie Kaufman & Duke Johnson
2015
Filme
8 em 10

Gosto de ver os nomeados para Óscar de animação. Os outros é-me indiferente, mas para mim a animação é importante. Tendo isto em conta, vimos este filme nomeado e foi uma experiência maravilhosa e espectacular.

Um escritor de auto-ajuda vai a outra cidade dar uma palestra. Mas ele tem um problema: para ele, todas as pessoas têm a mesma voz. São todos iguais. Os seus amigos, a sua mulher, o seu filho, são todos a mesma pessoa. Claro que isso deixa uma pessoa um pouco insatisfeita com a vida em geral. Mas, subitamente, ele ouve uma voz diferente! E encontra uma mulher chamada Lisa.

A narrativa é muito forte, apesar de ser rápida. Tudo se passa num único dia. É uma história humana e intimista, um relato da depressão e da incapacidade de lidar com o mundo que nos rodeia. E isso não seria possível sem duas personagens fortíssimas, que se encontram e desencontram num momento muito intenso, um momento de amor puramente efémero porque nada pode vencer o estado catatónico em que o homem se alojou.

Para além disso, temos uma animação revolucionária e puramente brilhante. Para começar, temos um elemento de stop-motion com marionetas feitas por impressão 3D, uma coisa nova. Mas estes bonecos estão integrados com um elemento digital tão forte como discreto. Isto faz com que as expressões e os movimentos do corpo sejam altamente realistas, de uma forma que chega a impressionar pelo grafismo perfeito (que só tem a melhorar quando versões de melhor qualidade forem lançadas). Para mais, todos os cenários são altamente detalhados, criando um mundo altamente realista e enquadrado nas coisas que realmente existem. Existem algumas sequências surrealistas muito intensas, que acrescentam mais densidade emocional à história e, para além disso, estão tão bem executadas que reflectem a qualidade técnica da animação.

Também temos uma banda sonora exemplar, muito bem enquadrada com cada cena mas com peças únicas e memoráveis.

Já vimos o filme há uns dias, mas ainda não deixo de pensar nele. Se este filme não ganha o óscar de animação, significa que Hollywood não está preparado para filmes desta magnitude.

A Lição de Anatomia

A Lição de Anatomia
Philip Roth
1983
Romance

Livro que me foi oferecido pelo meu aniversário, provavelmente tendo em conta que chumbei mil milhões de vezes a anatomia antes de conseguir passar a essa disciplina maléfica.

Conta a história de um escritor famoso que se vê atormentado por uma dor física incapacitante. Este homem, um judeu odiado pelos seus pares devido àquilo que escreveu, está a sofrer bastante e tenta encontrar coisas que o libertem desta dor nas costas. Essas coisas são o vodka e as ganzas, assim como o entretenimento fornecido por um harem de quatro mulheres muito diferentes umas das outras.

O romance tem uma estrutura muito sólida e a narrativa progride de forma lógica, pontuado por vezes por alguns flashbacks que explicam elementos como a relação que o personagem tem com a figura feminina. Este desenvolvimento dado às mulheres acaba por ser um pouco fastidioso, assim como o discurso pornográfico do fim do livro, em que o personagem desiste de ter lógica e cede a uma loucura psicológica iminente.

A forma como o personagem tenta mudar de vida, como meio de se libertar da dor, é quase inspirador, excepto que é inconsequente. Nunca sabemos se o personagem vai conseguir ser uma pessoa saudável, emocional e físicamente. Isto deixa água na boca para saber um pouco mais, coisa que não acontece e pode ser um pouco frustrante.

De resto, o livro está escrito de forma excelente e é uma leitura altamente viciante. Também tem algumas imagens bastante belas que tornam a narrativa bastante intensa em certos momentos. Gostei imenso de o ler!

A Última Tentação de Cristo

A Última Tentação de Cristo
Martin Scorcese
1988
Filme
7 em 10
Confesso que este espaço anda um pouco descurado. Este filme já foi visualizado a semana passada mas, não sei, tenho andado tão ocupada com minhas novas tarefas que acho que me esqueci de escrever. Talvez também tenha sido por essa inactividade que agora somos menos três pessoas observando atentamente todas as coisas que se fazem quando não apetece estudar...

Mas o filme! O filme! Estávamos no café quando o Qui diz que há um filme sobre Cristo em que este escolhe uma vida normal a ser o salvador. Achei piada ao conceito, então fomos vê-lo para casa.

Desde o início que o filme se estabelece como uma fantasia, o que me parece ter sido um erro. Porque a história poderia realmente ter acontecido desta forma. Jesus vive atormentado, fabricando cruzes para a execução de outros judeus, sempre perseguido por vozes e visões divinas que não o deixam sossegar. Por isso, afastou todas as pessoas que acreditam que ele tem a função de salvar o povo judeu e, consequentemente, toda a humanidade. Perdido nestas visões, Jesus começa a fazer discursos que aparentam ser apenas um reflexo da sua loucura. Não tanto mensagens de deus, mas sim alterações psicológicas que afectam grandemente o seu comportamento.

E assim prossegue a narrativa, cheia de elementos místicos e simbólicos que pegam em menções artísticas desta figura e a transfiguram para esta realidade alternativa. A narrativa envolve um confronto entre o desejo humano e o desejo divino o que, no fundo, acaba por ser a clássica luta entre o bem e o mal.

No entanto, toda a estrutura narrativa associada à imagética violenta tornam o filme numa viagem quase surrealista numa realidade alternativa de uma história que todos conhecemos tão bem. E a conclusão é que Jesus não deixa de ser homem e que o seu sacrifício pode deixar dúvidas em relação à mensagem que deus gostaria de passar. Porque não sabemos se depois há milagre ou se tudo não passa de uma imaginação pérfida e frenética associada a todo o sofrimento.

Um filme que se tornou um clássico e que certamente vale a pena ver.