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19.3.14

Livro Sem Ninguém

Livro Sem Ninguém
 Pedro Guilherme-Moreira
2014
Romance

Quando vou jantar com o meu pai (quase todas as semanas) ele tem o hábito de ir à Fnac. Costumamos ir ao Colombo, só por questões relacionadas com dentro ou fora de mão, e lá está ele na Fnac. Às vezes já ele comprou cinco livros quando eu chego, bem, a verdade é que quase sempre compra um, dois ou sete livros cada vez que lá vai. (Lê todos). Desta vez fui dar com ele na secção de Economia e ele revelou-me, com muita tristeza, que nesse dia não ia comprar livros. Então... Eu comprei um! Olhei para este livro e achei uma gracinha. Fui ler a sinopse, achei fofinha. Li algumas páginas, pareceu-me giro... E aqui está ele na minha montanha. Preciso mesmo de umas prateleiras novas!

Mas... Não há bela sem senão. É sem dúvida um livro muito atractivo, mas foi um pouco diferente daquilo que eu esperava. Vamos ver...

Este é um livro onde não há pessoas. Há poucos animais, muitas plantas e, sobretudo, os objectos das pessoas. É pelos movimentos dessas coisas que acabamos por perceber o que se vai desenrolando nesta rua onde cada casa tem uma cor. Ora, o grande defeito é que em cada casa vive um ser - que supomos que seja uma pessoa porque usa chapéus de chuva, óculos e sapatos, entre outros - que acaba por ser um estereótipo, daqueles feios. Temos os velhos, temos a adolescente grávida, temos ciganos, temos gays e uma pessoa que não se percebe muito bem o que é. A florista faz arte, no café vê-se quem morre (o café até parecia ser bom, com a sua variedade de chás, mas é um bocado tétrico). Ah e temos a origem de todos os males, que são os drogados. Foi esta a primeira coisa que não gostei: cada estereótipo está etiquetado com uma faixa de "bom" ou "mau". Para o autor, todos os ciganos são violinistas e todos os drogados são maus. E pelos vistos o autor também vive nos anos 90, porque os drogados andam a dar no cavalo ao lado das casas das pessoas.

Também pensei que o livro pudesse ser confuso, dado que não há exactamente personagens. Ou não deveriam haver. A verdade é que a cada personagem acaba por ser dado o nome de um objecto. A bengala, a gramática verde clara, o lenço aos quadrados, os sapatos vermelhos, os óculos azuis, as camisas negras. Cada um é o habitante de uma das casas. Para isso mais valia ter feito tudo com pessoas e ter-lhes dado os nomes de José, Manela e Isaura.

Gostei da descrição das mudanças na horta, embora me tenha parecido que para haver tanta vida vegetal a horta deve ser enorme. Mas foi essencialmente isso o que gostei. Porque de resto a história é vulgar, um crime passional, um acidente, um assalto. A sinopse dizia que através dos objectos se ia falar de intolerância e justiça e muitas coisas, mas isso é verdadeiramente impossível quando os personagens não têm a profundidade das pessoas reais.

Ainda assim, o problema pode ser meu. Vamos submeter o livro ao teste do BookRing!

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